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No decorrer do ano 1808, a invasão de Portugal pelas forças de Napoleão motivou a vinda da família real para o Brasil.
Nesse ano que era decisivo para o progresso da nossa Pátria, nascia, em 10 de maio, na Vila de Nossa Senhora da Conceição do Arroio (hoje município de Tramandaí-RS), aquele que seria o Patrono da Arma de Cavalaria, Manoel Luis Osorio. Filho de Ana Joaquina e de Manoel Luis da Silva Borges, um destacado e condecorado militar, a qual servia de exemplo para o pequeno Osorio, que admirava-se e tinha interesse nas campanhas militares do pai.
Gauchinho que era enaltecido por todos, pois desde pequeno demonstrava imensa bravura; montava e domava cavalos como gente grande.
Naqueles tempos difíceis, o Brasil ainda não era um país. Havia poucas escolas. Assim o menino cresceu em meio à natureza, livre como o vento.
Manoel aprendeu a ler e escrever com a família. Era muito curioso e estava sempre a perguntar, a procura de novas sabedorias. Queria continuar os estudos mas infelizmente não pôde.
Em 01 de maio de 1823, foi declarada a independência do Brasil e veio a guerra, com 15 anos ainda incompletos assentou praça na Cavalaria da Legião de São Paulo e acompanhou a tropa de seu pai na luta contra os portugueses. Quando o Brasil tornou-se um país, Manoel Luis tornou-se um soldado.
Em 12 de outubro de 1825, guerra da Cisplatina; junto ao arroio do Sarandi, sob o comando de Bento Manuel que em dado momento viu-se cercado por soldados inimigos. Manoel não pensou duas vezes e bravamente conseguiu salvar seu nobre comandante, muito agradecido com o feito do jovem soldado, Bento Manoel deu0lhe sua lança de presente. Aos 17 anos, ele já era o veterano Manoel Luis Osorio.
No início de 1827, o valente oficial continuava em campanha na região de Santana do Livramento. Em 20 de fevereiro de 1827, na batalha de Passo do Rosário, seus lanceiros foram o único corpo de tropa brasileira que não foi desbaratado durante a batalha. Em outubro do mesmo ano foi promovido a tenente e participou das conversações de paz e reconhecimento do Uruguai, acompanhado do general Lecór.
Foi chamado para combater dois tiranos: Oribe e Rosas, do Uruguai; que renunciou antes mesmo de lutar. Mas com Rosas, que oprimia o povo da Argentina, foi diferente. Contra eles, argentinos, brasileiros e uruguaios, sob o comando do general Justo José de Urquiza, lutaram ombro a ombro, para enfim derrotá-lo na batalha de Monte Caseros.
O Brasil conheceu muitas revoltas e conflitos internos. O mais terrível dói a Guerra dos Farrapos. Nesse mesmo período de 1835, o tenente Osorio estava servindo na Vila de Bagé, quando se casou com a Sra Francisca Fagundes, tendo como padrinho, Emílio Mallet, que, mais tarde lutaria ao seu lado na Campanha da Tríplice Aliança.
De 1835 a 1845, Osorio teve participação ativa na revolução Farroupilha, sempre fiel à integridade do Império e a segurança do trono infante monarca. Fora de Tenente a Tenente-Coronel no transcurso dessa guerra, auxiliando Caxias na feitura da paz ansiada, que se selou no dia festivo de 25 de fevereiro de 1845. Tendo durabilidade de 10 anos, a guerra trouxe alívio e admiração aos gaúchos que de tão agradecidos elegeram Caxias Senador, e Osorio, Deputado da província; mas ele mal pôde dedicar-se a política.
Em 1851, Osorio é enviado mais uma vez a Montevidéu em virtude de nova instabilidade na região de escoadouro da Prata. Na batalha de Monte Caseros, ocorrida nos subúrbios de Buenos Aires, nosso grande comandante torna-se símbolo da vitória e é promovido a Coronel, no campo de batalha, por merecimento; em 03 de março de 1852.
No início de 1855, após breve instalação na guarnição de Jaguarão, Osorio foi nomeado para comandar a fronteira de São Borja. Naquela época, eram muito complicadas as relações entre brasileiros, uruguaios, argentinos e paraguaios. Os limites dos países mal estavam demarcados. Mais que um soldado, era um brasileiro de valor.
Ele não deixava de olhar para o povo. Tanto que em São Borja, criou a primeira escola primária. Explorou florestas do Alto Uruguai e descobriu uma zona rica em erva-mate nativa. Dessa descoberta viria, mais tarde o título nobiliárquico: Marquês do Herval.
As agressões de Solano Lopez ao Brasil e a Argentina motivaram, em 1865, a assinatura do Tratado da Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e Argentina) contra o Paraguai.
A 1° de março de 1865, o Brigadeiro Osorio assume o comando e organiza o 1° Corpo do Exército Brasileiro, instalando o seu Quartel General em Paissandu.
Em 8 de julho de 1865, é promovido a Marechal-de-Campo e participa da Retomada de Uruguaiana. A 18 de setembro daquele ano, na presença de D. Pedro II, do Conde d’Eu, e de vários oficiais-generais, dentre eles Osorio e Caxias, ocorre a rendição de Uruguaiana.
No início de 1866, Osorio estuda em Tamandaré a maneira de atravessar o Rio Paraná. Na noite do dia 16 de abril, a tropa brasileira (10.000 homens) realiza a passagem no local conhecido por Passo da Pátria. Osório enfrentou ou vivenciou a seguinte sequência de combates e eventos importantes:
• 2 de maio de 1866 – Combate de Estero de Belaco – uma depressão do terreno, pela qual as águas do Rio Paraná se unem às águas do rio Paraguai. Mais uma vez após resistência, o inimigo passa a retardar as tropas aliadas, buscando melhor posição para combater.
• 24 de maio de 1866 – Batalha de Tuiuti. A qual foi o maior combate travado na América do Sul, onde Osorio registrou na ordem do dia n° 56: “A glória é a mais preciosa recompensa dos bravos.” Este combate representou o ápice de sua luminosa trajetória, nele se firmando pelos seus conhecimentos táticos e bravura, demonstrando ser um verdadeiro comandante de batalha.
• 15 de julho de 1866 – Ainda em Tuiuti, os aliados aguardavam a chegada das forças do General de Porto Alegre. Enquanto isso, o inimigo fustigava diariamente. Osorio muito aborrecido e insatisfeito com o longo período da tropa estacionada, passa o comando das tropas brasileiras ao General Polidoro da Fonseca.
• 01 de junho de 1866 – Osorio é promovido a Tenente-General, penúltimo posto da hierarquia militar. A 22 de jullho, o General retoma a vanguarda aliada, que estava sob o comando de Caxias. Em 25 de julho, ocupa a Fortaleza de Humaitá e substitui a bandeira abandonada pela bandeira brasileira, instalando ali a sede do 3° Corpo do Exército e sua nova base de operações.
• 11 de dezembro de 1867 – Na Batalha do Avaí, Osorio foi ferido gravemente na face, fraturando assim o maxilar, ao tomar toda a posição de artilharia inimiga.
• Em 22 de março de 1868 – o Conde d’Eu, foi nomeado Comandante-chefe das forças em operações no Paraguai. A convite, Osorio assum a 6 de junho o comando do 1° Corpo do Exército, estacionado em Piraju, para dar início à Campanha das Cordilheiras.
• Em 12 de agosto deu-se o assalto e a captura da praça forte Peribebuí, defendida por 1.500 homens e 15 bocas de fogo. Osorio, à frente do seu 1° Corpo de Exército, foi o primeiro a entrar na praça forte, dando novas e belas provas de bravura.
No dia 24 de novembro de 1868, devido a piora de sua saúde, Osorio deixa em definitivo a campanha. Quando retornava, na passagem por Montevidéu, recebe a dolorosa notícia do falecimento de sua amada esposa.
Em 5 de agosto de 1871, Deodoro, um dos que esteve ao seu lado nos campos de batalha, entregou-lhe solenemente, em Porto Alegre, custosa espada de honra, cinzelada em ouro e ornada em brilhantes. Em sua lâmina de fino aço, estavam gravadas as batalhas e combates em que heroicamente se empenhou.
A 11 de janeiro de 1877, Osorio foi escolhido pela Princesa Isabel para Senador do Império pela Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
No dia 4 de outubro de 1879, aos 71 anos de idade, devido ao agravamento de sua enfermidade, o Brasil perdia um soldado de trajetória cívico militar exemplar. Extinguia-se uma das mais valiosas existências, símbolo de um povo, síntese de uma época.
Este era Manoel Luis Osorio, o menino de poucas letrsa que se fez poeta, o homem do povo que foi feito Marquês do Herval por seus méritos, o político e princípios, sempre acima da inveja dos medíocres. Como soldado corajoso, como comandante irretocável, Osorio é o Patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro.
Como homem, é exemplo para todos os brasileiros.
“Deve-se antes de tudo, servir à Pátria qualquer que seja seu Governo.”
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escrito por Ruthely
Bibliografia:
- revista General Osorio 200 anos
- revista Osorio uma vida pelo Brasil